segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Paz no Coque: caminhada propõe ampliar essa concepção

A partir das 9h da próxima quarta-feira (21), será feita uma caminhada pela comunidade do Coque, com a participação de grupos culturais e de representantes de diversas tradições espirituais. O evento é uma realização do Neimfa, Coque Vive e Observatório de Favelas, com apoio do Auçuba, da UFPE, do Núcleo de Documentação dos Movimentos Sociais de Pernambuco e do Centro de Estudos Budistas Bodisastva.

No último dia 24 de outubro, a comunidade amanheceu ocupada pelas polícias militar e civil, articuladas em uma mega-operação intitulada Paz no Coque. Preocupados com essa abordagem restrita de Paz, associada apenas à repressão, as entidades se organizaram no sentido de ampliar essa concepção, a partir de uma perspectiva propositiva e situada em uma cultura de direitos, participação e solidariedade.

No dia 21 também será lançada oficialmente uma carta pública, intitulada Paz no Coque - aberta a contribuições e adesões - endereçada às autoridades competentes e à sociedade em geral.

Para maiores informações:
Neimfa: 3448.3087
Raquel Lasálvia: 9247.0311


Carta pública: Compartilhando uma concepção de Paz no Coque

A paz é um estado ou experiência que, em essência, todo ser humano anseia. Em nossa cidade, vivemos um momento de espanto e medo frente à violência, momento em que várias vozes se alteiam pedindo paz. Também no Coque essas vozes se fazem ouvir. No entanto, com grande freqüência os ouvidos da sociedade sobre o Coque apenas escutam discursos que o representam como refúgio de bandidos, refúgio da morte, da violência, da poluição. São esses discursos que justificam intervenções violentas na comunidade, como se ela fosse um campo de guerra, lugar do inimigo, que deve ser exterminado a todo custo.

Nós, contudo, afirmamos que o Coque é um lugar onde moram, em ruas improvisadas ou não, em casas de alvenaria ou não, seres humanos, pessoas que com certeza anseiam por condições e proposições sociais, culturais, políticas e econômicas que lhes proporcionem possibilidades de uma vida mais ampla.

Para além da tentativa de imposição da 'paz' através da violência – como na ocupação da comunidade e a tentativa de invasão do Núcleo Educacional Irmãos Menores de Francisco de Assis durante a operação policial Paz no Coque, no último dia 24 de outubro – queremos propor novas perguntas: qual é o significado de paz para os moradores e instituições do Coque? Que outras intervenções são possíveis para efetivar uma cultura de paz? Acreditamos que sem dúvida essa resposta inclui uma vida feliz e sem violência.

Dessa forma, o Coque não apenas pede paz, mas também propõe a paz como uma forma de viver em tolerância e solidariedade. É necessário reconhecer que, na comunidade do Coque, entre seus cerca de 45 mil habitantes, também a solidariedade, a tolerância e os valores humanos de amor e liberdade são desejados e vivenciados cotidianamente.

A comunidade é sujeito de ações e estratégias que são desenvolvidas no sentido da promoção da paz e da melhoria da vida. Essa mudança de olhar torna possível considerar a comunidade não apenas como objeto de intervenções, mas como interlocutora indispensável para a construção de quaisquer ações. É preciso, no entanto, que essa interlocução se materialize em um diálogo real, que começa por enxergar o Coque não apenas como um jogo de cartas marcadas onde se aplicam metodologias que simulam participação. É necessário incentivar efetivamente os próprios movimentos locais, desenvolvendo em conjunto novas formas possíveis de diálogo.

Não apenas ao poder público cabe esse desafio. Mas, a toda a cidade, convidamos a enxergar o Coque, e outras comunidades do Recife, não como esse outro, o inimigo, mas sim como parte desse nós, cidade complexa e desigual, mas casa compartilhada por todos, da qual cabe a todos cuidar.


Assinaturas:

Centro de Cultura Luís Freire

Centro de Estudos e Ações em Direitos Humanos - A-colher

Movimento Nacional de Direitos Humanos - PE

Movimento Negro Unificado - PE

NAJUP - Núcleo de Assessoria Jurídica Popular - Direito nas Ruas da UFPE

Núcleo Educacional Irmãos Menores de Francisco de Assis

Observatório de Favelas Recife

2 comentários:

Anônimo disse...

direitos humanos tem para proteger bandidos,assassinos, cade o direitos humanos para defender o policial civil que é obrigado a tirar plantaõ sozinho nas delegacias do interior, cito, betanea(comissario meu irmaõ edson rufino alves),comprove, fone:87-3852-1140, calumbi(comissario meu irmaõ cornelio rufino alves),comprove,fone;87-3831-9221, adianto mais, hoje assaltaram a delegacia de campo de santana/pb, para levar as armas e coletes, depois iram para pernambuco(tem dois pm que passam informação), ja foram expulso da corporaçãoe e retornaram, adianto estas armas vaõ abastecer rio de janeiro.

Luiz Otávio Ribas disse...

Gostaria de manifestar meu apoio ao Movimento Nacional de Direitos Humanos, que presta um serviço fundamental para a democratização de nosso paí.
Serra, os direitos humanos são de todos e todas, policiais, presos, homens, mulheres etc.
Abre o olho e não vota mais no Serra não...